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de http://segundavida.blogs.sapo.pt
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Agora é verão, eu sei.
Tempo de facas,
tempo
em que perdem os
anéis
as cobras à
míngua de água.
Tempo em que se
morre
de tanto olhar os
barcos.
É no verão,
repito.
Estás sentada no
terraço
e para ti correm
todos os meus rios.
Entraste pelos
espelhos:
mal respiras.
Vê-se bem que já
não sabes respirar,
que terás de
aprender com as abelhas.
Sobre os gerânios
te debruças
lentamente.
Com rumor de água
sonâmbula ou de
arbusto decepado
dás-me a beber
um tempo assim
ardente.
Pousas as mãos
sobre o meu rosto,
e vais partir,
sem nada me
dizer,
pois só quiseste
despertar em mim
a vocação do fogo
ou do orvalho.
E devagar, sem te
voltares,
pelos espelhos
entras na noite acesa.
In «Chuva sobre o rosto» (poesia), de
Eugénio de Andrade (com um desenho de José Rodrigues), colecção «Pequeno Formato»
(n.º 2), Edições ASA, Porto, Abril de 2002 (5.ª edição).
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