Al Berto – Foto retirada de www.poetanarquista.blogspot.com
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semeaste
tormentos e filhos negros
enrolas-te
agora no pano ardido do tempo
de
lisboa – rasgas em tiras dolorosas o sonho
e
tentas navegar pelos socalcos dos mares
mas
a saudade pelos que partiram e agora
se
aproximam desta voz – vêem
um
império de navios vazios
e
tu
sob
o sol cruel – perdido de olhar em olhar
jogando
a vida contra o sujo casco dos cacilheiros
vagueias
pelos
becos à procura de um rosto que imite
a
felicidade da voz perdida – ou um corpo qualquer
para
fingir o sono junto ao teu
mas
lisboa é feita de fios de sangue
de
províncias
de
esperas diante dos cafés
de
vazio sob um céu plúmbeo que ensombra
os
jardins de estátuas partidas
há
um pressentimento de sono sem fim
refugias-te
num quarto de pensão e dormitas
o
dia todo – para que lisboa te esqueça
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