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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

[a chave do inefável], registo diarístico de Miguel Torga

Imagem encontrada em sopoesia.wordpress.com

Coimbra, 26 de Maio [Junho] – O desespero de ser poeta é não poder fazer nada pelos outros, tendo na mão a chave do inefável. Quem o é verdadeiramente e em grande, limita-se a deixar um mundo de purezas ideais ao lado de um outro de impurezas concretas. O poema de Camões nem salvou a Pátria nem morigerou a crueldade dos netos dos conquistadores. É uma epopeia para se aprender a dividir orações.

In «Diário (5.º volume)», de Miguel Torga, edição de autor, Coimbra, 1974 (3.ª edição, revista).

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