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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

AS ARANHAS, poema de Lasse Söderberg

Imagem encontrada em http://cienciaseviver.blogspot.pt/

Os meus dias vagarosos
partilho-os com as aranhas.
A sua linearidade cintila,
são os cartógrafos do ar.
        
Oh, se também o meu caminho fosse
como o da aranha, um fio
segregado onde me pendurasse.
Uma rede argêntea de onde vigiasse!

Quando cai a escuridão
deixo então de a ver,
mas sei que existe: imagens de estrelas
guiando o pensamento desconhecido.

E por um momento
julgo, assim, descansar
nas mãos de um deus sistemático,
uma ponta de vazio.

In «Coração de papel», de Lasse Söderberg (seminário de tradução colectiva Poetas em Mateus, Abril-Maio de 1998: Ana Luísa Amaral, Egito Gonçalves, Fernando Amaro, Fernando Pinto do Amaral, Gonçalo Vilas-Boas, Malin Löfgren, Manuel António Pina, Miguel Serras Pereira, Pedro Mexia, Rosa Alice Branco; com revisão de Ana Luísa Amaral e Gonçalo Vilas-Boas; e nota biobibliográfica de Gonçalo Vilas-Boas), Quetzal Editores, Lisboa, 2001 (1.ª edição). 

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