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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Poema «XXXIX» de ELÉCTRICO (1943-1944-1945), de José Gomes Ferreira

                                                    
Imagem encontrada em http://www.downloadswallpapers.com/

(Trouxe ontem de Galamares a nebulosa
                                                                                                      desta poesia.)

De repente, lembrei-me do mistério das flores amarelas
que prolongam a planície até às madrugadas do murmúrio…

Afinal, quem criou as flores amarelas?

Foi talvez o Primeiro Peixe que se arrastou no chão com um raio de sol na boca…
Talvez o rojo das crinas de oiro dos cavalos caídos do arco-íris…
Talvez o vento que pintou a terra dum sopro de borboletas presas…
Não sei.

Só sei que vou contigo de mãos dadas através do mistério das flores amarelas.
Só sei que te enfeitei o vestido do mistério das flores amarelas.
Só sei que a manhã cheira tão bem ao mistério das flores amarelas…

(… enquanto os outros homens de bruços,
no Subterrâneo dos Soluços,
rezam ao Silêncio do Cadáver das Velas.)

In «Poeta militante – Viagem do Século Vinte em mim» (1.º volume), obra poética completa de José Gomes Ferreira, colecção «Círculo de Poesia», Moraes Editores, Lisboa, Outubro de 1977 (1.ª edição).

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