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terça-feira, 15 de novembro de 2016

«O mar. O mar novamente à minha porta», poema de Eugénio de Andrade

Foto encontrada em http://pt.freeimages.com/


O mar. O mar novamente à minha porta.
Vi-o pela primeira vez nos olhos
de minha mãe, onda após onda,
perfeito e calmo, depois,

contras as falésias, já sem bridas.
Com ele nos braços, quanta,
quanta noite dormira,
ou ficara acordado ouvindo

seu coração de vidro bater no escuro,
até a estrela do pastor
atravessar a noite talhada a pique
sobre o meu peito.

Este mar, que de tão longe me chama.
que levou na ressaca, além dos meus navios?


In, «Branco no Branco / Contra a Obscuridade», poesia de Eugénio de Andrade (com texto, reproduzido nas badanas, da autoria de Óscar Lopes – «Uma Espécie de Música», 1981), Colecção «Obra de Eugénio de Andrade» (n.º 18), Fundação Eugénio de Andrade, Porto, Abril de 1993 (5.ª edição / 5.ª edição).

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